Até onde o medo e a
verdade levam à psicose? Nesse post, a Livraria Network dá o seu parecer, de
acordo com o livro, completando com as bases do filme. Usaremos o nome ‘Teddy
Daniels’ para o personagem de Leonardo DiCaprio e ‘Andrew Laddies’ para o
bandido a quem Teddy e Chuck procuram na ilha – retirando os itens 9 e 10 -. Os fatos estão em ordem
cronológica perante “A Ilha do Medo” e possuem SPOILERS:
1 - O Diário de Sheehan
O prólogo inicia com alguém que está prestes a
escrever uma história que jamais deveria ou poderia esquecer. Isso deixa claro
que o personagem narrador não Teddy, Cawley ou o autor-observador, mas sim, o
Dr. Lester Sheehan. Esse ponto é crucial para sabermos que é um ponto de vista,
acrescentando importância ao item 9.
2 - Cawley e os Apelidos
Em uma das primeiras conversas entre Teddy e o Dr.
John Cawley, uma pista faz o leitor suspeitar que há algo errado. Cawley
pergunta por que o Oficial Chuck tinha esse apelido. Chuck responde que se
chamava Charles. Depois, ele faz o mesmo questionamento a Teddy, sendo que o
seu nome é Edward: “Acho estranho isso. Não existe ‘T’ em Edward”. Essa
situação parece irrelevante, mas é uma das provas para o final do livro ser
confirmado com a Regra dos 4.
3 - A Fuga ou Apenas uma Encenação
O motivo pelo qual Teddy e Chuck estão em Shutter
Island é simples: achar a paciente Rachel Solando. Os fatos que se apresentam
tanto no livro quanto no filme são impossíveis. Ao longo da investigação, o
leitor tem a tendência a levar a sério aquela investigação até que Rachel é
encontrada sã e salva. Notavelmente, a encenação de uma fuga é concluída, dando
início a outra investigação. O livro mostra a quantia imensa de detalhes e
coloca na cara que aquilo tudo é uma invenção bem forjada.
4 - A Regra dos 4
Embaixo de uma lajota solta, está um papelzinho
escrito: “A Regra dos 4, Quem é o paciente 67?”. Quem acha é Teddy, no filme.
No livro, a pista é um tanto maior e mais elaborada:
A
Lei dos 4
Sou
47
Eles
eram 80
+você
é 3
Somos
4
Mas
Quem
é 67?
Tudo isso, entre pistas decifráveis e leis
matemáticas, levará Teddy ao farol. O papelzinho tinha esta importância e foi
encontrada por Cawley.
5 - Um Suicida
A conversa mais reveladora para o desfecho da
história acontece no meio do livro entre Teddy e Cawley. No filme, durante a
tempestade, Teddy sente uma enxaqueca fortíssima, toma algumas pílulas que
Cawley oferece e acorda no abrigo dos serventes. No livro, Teddy acorda no
escritório de Cawley e a conversa entre os dois revela que Teddy possui uma
tendência suicida. Teddy diz que preferia, todos os dias, morrer ao ter que
viver sem Dolores, sua mulher. Tal observação só é relevante lá no final, ou no
nosso item 10.
6 - George Noyce:
Depois do furacão e dos xerifes invadirem o forte –
ou pavilhão C -, o encontro de Teddy com George Noyce é o início da pergunta do
item 9. A partir dali, o autor cria
uma forte dualidade na história, fazendo o leitor pensar: será mesmo que estão
tentando enlouquecer Teddy? Será que alguém é confiável? George Noyce revela
que tinha saído de Ashecliff e que foi enviado de volta. Que ninguém conseguia
sair e que tinha levado uma surra de Andrew Laeddis, a quem Teddy procura.
Laeddis incendiou o apartamento com a mulher de Teddy dentro.
7 - Rachel Solando da Falésia:
Ao se perder de Chuck, Teddy sobe uma das falésias e
encontra uma mulher que se diz a verdadeira Rachel Solando que tanto procuram.
Na verdade, essa personagem inspira a loucura de Teddy ou o “Teddy reprimido”.
Rachel fala tudo que Teddy gostaria de ouvir sobre as operações nazistas, as
lobotomias e que as pessoas que entravam na ilha jamais sairiam. Os vácuos que
ela deixa perante Teddy são: o tempo que o xerife passa sem comer,
questionamentos sobre os sonhos estranhos – como ela poderia saber? -, seus
argumentos baseados em experimentos militares – Teddy era militar – e a
indicação de que ele encontraria tudo no farol.
8 - Os Sonhos e Dolores:
Certamente, a personagem de maior poder é Dolores
Chanal e os sonhos mirabolantes de Teddy. A partir do momento que Teddy começa
a procurar Laeddis, Dolores é como uma voz em sua cabeça que o conduz. Ela diz
para subir o penhasco e falar com a “verdadeira Rachel”, a não querer leva-lo
para o farol e outros pontos em que a loucura de Teddy fica evidente. Além
disso, os sonhos fazem parte de um delírio cíclico. Ao longo que Teddy consegue
mais pistas, os sonhos ficam mais complexos e ditam o próximo movimento a
tomar.
9 - Verdade ou Mentira?
A questão que todos se perguntam é: Teddy era louco
ou não? Era! São mais de 30 páginas em que os doutores Sheeran e Cawley tentam
provar para Teddy Daniels que ele é Andrew Laeddis. Eles revelam como e por quê
fizeram todo o teatro, assim como no filme, mas com mais detalhes. Um deles,
que não fica claro no filme, é que Teddy sempre falava da tempestade. Cawley e
Sheeran esperaram que alguma tempestade se aproximasse para dar realidade à
fantasia de Teddy. Outro ponto é a conversa com Noyce. Cawley tem a transcrição
da conversa e Noyce alega que ele, Andrew Laeddis quem o bateu, e não por causa
de Teddy. Ao longo do livro e no penúltimo capítulo, são notáveis a neurose e a
psicose de Teddy. O sonho da revelação que Dolores assassinou os três filhos
também é descrita no livro de forma muito forte.
10 - Cura ou Regressão?
Essa foi a questão mais debatida no filme e no
livro. Ele realmente acreditou na história ou regrediu como os doutores não
queriam. O livro não esclarece tal fato veementemente. Entretanto, mostra dois
pontos muito forte a favor da cura: Teddy amava Dolores acima de tudo,
inclusive da neurose de sua mulher, a ponto de matá-la para não vê-la sofrer. E
também, Teddy tinha uma tendência suicida, como descrita no item 5. Por isso, o filme de Scorsese
faz um final espetacular. No último diálogo, Teddy fala para Sheeran: “Isso me
faz pensar. O que é pior? Viver como um monstro ou morrer como um homem bom?”.
A conclusão deixa aquele “céu nublado”: teria ele inventado uma nova regressão
somente para ser operado e não viver curado com a culpa das mortes na
consciência?
O livro de Dennis Lehane
foi além de qualquer expectativa de outros livros policiais, assim como a
adaptação de Scorsese. Quem não sentiu um frio na espinha com tais assuntos,
desde a loucura até a dúvida sobre a verdade? Galera, lembrando sempre à vocês
que estão começando a ler o blog: Os novos posts estão disponíveis todas as
segundas-feiras. Para ler a sinopse de “Paciente 67”, basta clicar aqui. Dê um
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“Paciente 67”, tem outra versão dos fatos sobre a história ou quiser dar sua
opinião, deixe nos comentários. Abraço galera e a Livraria Network agradece!