Qual a pessoa que nunca
assistiu “O Poderoso Chefão”? Só eu, devo ter visto uma centena de vezes.
Entretanto, são raras as pessoas que leram o livro que fez com que esse
clássico do cinema ganhasse vida. A obra consagrada de Mario Puzo, “O Chefão”,
guarda muitos anexos que o filme não mostra e que interessa àqueles fanáticos
pela família Corleone.
1 - Quem é Genco Abbandando?
Em
uma discussão acirrada no meio do filme, Sonny Corleone diz a seguinte frase
para o consiglieri Tom Hagen: “Meu
pai tinha Genco e olha o que me sobrou!”. Mas quem é Genco? No livro, após o
casamento, Vito Corleone e os filhos vão até o hospital visitar o tal Genco
Abbandando. O homem, no final de sua vida, é o amigo mais antigo de Vito e seu
antigo consiglieri. Foi o pai de
Genco que lhe deu o primeiro emprego em Nova York e, no livro, a cena em que
Genco e Vito se encontram no quarto de hospital chega a ser emocionante, em que
o escritor dá ênfase na importância da amizade entre os dois.
2 - O Sexo quase explícito
Engana-se aquele que pensa num texto contido e com
muitas normas por causa da época em que foi escrito - 1969 -. Mario Puzo não
teve nenhum problema, em duas vezes, expôs texto de sexo abertamente, relatando
o ato de uma forma bastante detalhista. A cena em que Sonny Corleone leva Lucy
Mancini para um quarto durante o casamento e a noite de núpcias entre Michael
Corleone e Apollonia ocupam quase duas páginas com um relato ora romântico, ora
explícito do sexo. Cenas calientes!!
3 - O capítulo de Lucy Mancini
Como disse acima, Lucy era a amante de Sonny, uma
das madrinhas do casamento e aparece muitas vezes no filme. Puzo colocou ela em
um capítulo após a morte de Sonny, em Las Vegas, com outro homem e fazendo uma
introdução à expansão dos Corleones para a cidade. O capítulo também apresenta
outros personagens secundários e deixa uma quebra de veracidade com o terceiro
filme: O personagem de Andy Garcia, em “O Poderoso Chefão – Parte III” não
poderia existir porque Lucy não estaria grávida de Sonny. “Perguntou-lhe (Tom
Hagen) se estava grávida, julgando ter sido esse o motivo porque ela tomava
pílulas. Lucy respondeu negativamente”. Pode parecer de pouca importância este
capítulo, mas para a história de “O Chefão” é importantíssimo, mostrando um
Freddie Corleone de mais fibra, Johnny Fontane mais sério e Tom Hagen com as
rédeas da família nas mãos.
4 - Noção de temporalidade
O tempo passa! As poucas partes em que o filme
mostra isso é a evolução de vestimenta, a velhice de Vito e Michael, e as
inúmeras perguntas por quanto tempo Michael teria que ficar resguardado na
Sicília. “O Chefão” expande esse quesito. São 10 anos entre o casamento e a
reunião pós-assassinatos com Don Michael Corleone. Michael passa
aproximadamente dois a três anos na Sicília, Sonny fica como chefe da família
por mais de três anos, assim como a lenta recuperação de Vito Corleone. Agora
dá para entender a grande ignorada que Michael deu em Kay Adams, quase metade
do livro.
5 - A importância suprema de Tom Hagen
Quem vê o personagem de Robert Duvall no filme não
dá muito crédito. É preciso ler o quão importante é o novo consiglieri no livro. Os capítulos, após o casamento, são divididos
em personagens principais e, na maioria deles, Tom Hagen é a chave para muitos
dos atos – ou não – de Sonny Corleone, os negócios em Las Vegas, o envio de
Michael para a Sicília e em pontos mais detalhistas, mas não menos importantes,
como a proteção de Lucy Mancini, Johnny Fontane e Kay Adams durante a guerra
das máfias, a reunião entre as famílias italianas e muitos dos desfechos em que
Michael não podia confiar em mais ninguém, a não ser Tom, como o assassinato de
Salvatore Tessio e Carlo Rizzi.
A história de Puzo atravessa gerações através do
olhar de Coppola. Mas hão de convir que, sem Puzo, o maior filme de todos os
tempos não existiria. Lembrando sempre ao pessoal que está começando a ler o
blog que podem acompanhar todas as segundas-feiras os novos posts. Para ler a
sinopse de “O Chefão”, basta clicar aqui. Dê um like, se você acessou esse link
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mais algum fato relevante de “O Chefão” que não está em “O Poderoso Chefão” ou
quiser dar sua opinião, deixe nos comentários. Abraço galera e a Livraria
Network agradece!
Muito bacana, Fernando! Estou gostando muito de acompanhar suas postagens!!! Parabéns!
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